A essência é que ela não é uma dor. “Dor” é uma palavra, um nome que encontramos para classificar as sensações inéditas e intensas geradas pelo processo que leva ao nascimento de um bebê.
A dor é produzida na mente, enquanto as sensações são sentidas no corpo. A dor é o seu cérebro desesperado tentando classificar as sensações geradas pelas ondas arrebatadoras chamadas contrações uterinas.
Quanto mais seu cérebro tenta classificar, mais essa dor fica maior e maior, até que seu cérebro domina seu corpo. Agora, esse corpo que gera as contrações para que seu bebê venha ao mundo, também começará a lutar contra as contrações e as sensações geradas por ela. Seu corpo passa a lutar contra o seu corpo. Seu cérebro vence, a dor fica insuportável.
Tudo isso é uma questão de mudança de chave, você precisa girar essa chavezinha na sua mente: a dor do parto não precisa ser dor, ela pode ser uma sensação indescritível e, porque não, prazer!
 
Mas Jéssica, eu não acredito nessa possibilidade, as dores do parto são as Leis Divinas, a própria bíblia diz: “Parirás na dor”

Vamos então ao texto bíblico… Adão e Eva acabam de desobedecer a Deus, Ele então pronuncia uma sentença para a mulher: “Multiplicarei grandemente o teu sofrer e a tua conceição; em dor darás à luz filhos” e em seguida diz: “o teu desejo será teu marido, e ele te dominará”.  Será mesmo que essa é uma Lei Divina? Uma obrigação? Ou seria uma constatação sobre a qual a mulher pode se libertar? Acredito que Deus não deseja que mulheres sejam dominadas pelos homens, a nossa sociedade e todo movimento de libertação feminina nos mostram isso, porque Deus não permitiria que nos libertássemos também das dores do parto? E se aceitamos a ideia de que parir com dor é realmente uma Lei Divina da qual não podemos fugir… Então a anestesia e, até mesmo a cesariana, são consideradas uma afronta? E se a dor foi um castigo pela desobediência, então temos que aceitar que antes disso as mulheres pariam seus filhos sem dores? Se a supressão farmacológica da dor é aceita, porque um resgate da nossa capacidade de parir sem dor não seria?

Quando você questiona tudo que acredita em relação a dor do parto, você se permite agir de maneira consciente e feliz ao invés de aceitar padecer. Você não precisa padecer, parto não precisa ser sinônimo de sofrimento. Essa é a primeira mudança que você precisa criar: parto não é igual sofrimento! Parto não é apenas um evento fisiológico, biológico, mas uma obra humana, a obra de um amor, a SUA obra de amor!

Agora você pode estar se perguntando… “Porque então sentimos dor?” “Como é possível mudar isso?”

Sentimos dor porque fomos condicionadas a isso! Toda dor diz respeito a um problema, a dor é a maneira que nosso corpo encontra para dizer que tem algo errado. O parto é uma função natural, orgânica e saudável do corpo, portanto se esse corpo admite a dor do parto como algo intrínseco ao processo do nascimento a natureza contraria a si própria. A dor não faz parte do parto! 

Ainda assim, a maioria das mulheres sentem e sofrem com essas dores… Porque? A sensação de dor é desencadeada no cérebro por reações ou reflexos absolutos e condicionados. Se a dor do parto não é absoluta, só nos resta aceitarmos que ela vem de um reflexo condicionado. E o maior condicionador de reflexos do ser humano é a linguagem e a opinião do meio em que ela se manifesta. Se ouvimos o tempo todo e desde sempre que o parto é um evento arriscado, doloroso e traumático, é nisso que vamos acreditar. Essa associação provoca o medo do nascimento e o medo das dores terríveis que o acompanham e a partir dessa crença condicionamos o nosso cérebro a reagir às primeiras sensações do parto. As dores do parto então se tornam reais. Seu cérebro deixa de entender as contrações e as sensações intensas do parto como naturais e passa a interpretá-las como dor.

Como podemos mudar isso? Dissociando essas associações e criando novas, alimentando seu cérebro com referências reais e naturais sobre as sensações do parto para que ele possa reagir de forma diferente a partir de reflexos positivos.

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