VBAC – vaginal birth after cesarean ou parto normal após cesárea. Sério? É possível? Mas, porque uma mulher escolheria passar por isso? Porque uma mulher nadaria contra a maré, justamente nesse momento de fragilidade?
Elas questionaram, elas não se contentaram, elas despertaram, elas mudaram a própria história…
Vamos começar do começo…
Na primeira gestação a maioria das mulheres deseja o parto normal, mas, por infindáveis razões (que não vou entrar no mérito aqui), a maioria delas acaba fazendo cesariana. Nesse cenário, faz todo sentido, que o principal motivo que as leva a buscarem um parto após cesárea é vivenciar a experiência objeto de seu desejo.
Elas não viveram a experiência que desejavam no nascimento do primeiro filho, e independente de ter sido uma cesariana necessária ou não (como é o caso da maioria), ficou um vazio, o vazio daquilo que “foi roubado da primeira vez”.
Elas engravidaram de novo. Elas questionaram. Elas ouviram que “uma vez cesárea, sempre cesárea”. Elas não se contentaram.
Esses dias uma amiga me disse “para uma primigesta é difícil um parto normal, mas para uma VBAC é ainda mais”. E ela tem toda razão, porque existe uma ideia fixa, disseminada e completamente errada de que a mulher tem a chance de parir, mas se perder essa primeira chance da vida, já era, nunca mais! Ela estará para sempre fadada a não ter mais escolha.
Como assim? Como um outro ser humano se acha no direito de tirar a possibilidade de escolha de uma mulher e, mais que isso, tirar a oportunidade desse bebê que está por vir de ter uma experiência de nascimento em que ele próprio é considerado e é participante ativo?
Elas estudaram. Elas se informaram. Elas descobriram que estavam sendo enganadas. Elas desejaram de novo e acreditaram que era possível.
O parto normal é mais seguro para mãe e para o bebê, essa é a regra, o contrário disso é exceção! E não sou eu ou uma meia dúzia de pessoas que estão dizendo, é a natureza, o mundo, a ciência. O parto normal após cesariana tem riscos sim (proporcionais ao número de cesarianas anteriores), assim como a cesariana sobre cesariana também tem riscos. E é por isso, que o nosso sistema obstétrico e nossa sociedade como um todo, seguindo o caminho de outros países como os EUA, deveria promover o parto natural e não medir esforços para evitar a primeira cesariana, porque da maneira como estamos fazendo, elas aumentam os riscos e não o contrário.
Outra situação, é das mulheres que escolheram uma cesárea por falta de informações verdadeiras e suficientes acerca dos benefícios do parto normal. Afinal, o parto, por si só, já não tem uma boa aceitação social. É normal que a gente acredite nas máximas “parto normal é perigoso” “a cesárea é mais segura para a mãe e o bebê”. Isso é o que a nossa sociedade no geral acredita. E nós somos seres sociais. Sem contar que não é fácil afrontar tudo e todos quando se está grávida.
Elas não sabiam. Elas não se sentiram preparadas. Elas mudaram. Elas se tornaram mães. Elas descobriram sua força. Elas despertaram para o novo. Elas desejaram parir. Elas se informaram.
E de novo, voltamos para o mesmo ponto: O CONHECIMENTO!
Seja para as que já queriam e não puderam viver, como para as que mudaram e passaram a desejar uma experiência diferente, a informação foi o que mudou tudo!
Assim, se você também está em busca do seu parto, o meu desejo para você é que se informe, busque alternativas, encontre os caminhos, converse com pessoas que estão ou já estiveram na mesma situação que você e, se não encontrar a trilha, abra-a você mesma! Seja a primeira, abra o caminho para as que virão depois de você!
O parto é muito mais do que uma via de nascimento, é uma experiência do feminino!
“Eu sempre quis por ser o mais natural possível. Pra não ter que me submeter a mais uma cirurgia, recuperação pós-parto, bebê nascer no tempo dele. E pelo aspecto emocional, eu precisava passar pelo parto normal, queria saber como era a dor, a sensação de trazer meu filho ao mundo. Os sentimentos, a intensidade do momento, sempre quis viver isso. Pensava que seria bom e tal, mas jamais imaginaria que seria transformador como foi.”
“Eu sempre tive o desejo de sentir a dor de colocar um filho no mundo. Eu sempre quis senti-lo saindo de dentro de mim por si só, sem ninguém retirando ele daqui. Eu sempre quis que ele escolhesse a data de vir ao mundo. Nunca gostei da ideia de agendar o parto, marcar hora, entrar grávida no hospital e sair mãe. Eu queria que isso fosse espontâneo. Natural. Repentino e forte! Porque a maternidade é assim. Forte e intensa…pra mim o parto também deveria ser. Enfim…dessa vez eu consegui e me realizei. Me senti instrumento de Deus pra dar vida à vida que Ele me deu de presente! Me senti mulher. Forte. Guerreira e uma mãe leoa, capaz de tudo pela sua cria!”
Obrigada a ELAS que através de suas palavras me permitiram entender o que leva uma mulher a desejar um VBAC!